Sofia recebeu alta do hospital no dia 14 de agosto (Foto: Divulgação/ Campanha 'Ajude a Sofia' |
Ministério da Saúde informa que dinheiro será depositado até quinta-feira.
A menina Sofia Gonçalves de Lacerda, de oito meses, aguarda a transferência de verba do Ministério Público para continuar o tratamento fora do Jackson Memorial Hospital, em Miami, nos Estados Unidos. Sofia terá tratamento homecare em Miami até o transplante de seis órgãos. O bebê recebeu alta no dia 14 de agosto do hospital onde está em Miami para ser submetida a um transplante multivisceral.
Sofia possui a Síndrome de Berdon, uma rara doença que provoca problemas no intestino, na bexiga e no estômago. No caso de Sofia, esses órgãos não funcionam.
No apartamento adaptado para o tratamento homecare, Sofia precisará manter a nutrição parenteral – quando uma solução manipulada pelo médico é aplicada diretamente na corrente sanguínea e acompanhamento de enfermeiros.
De acordo com Miguel Navarro, advogado da família da menina, apesar da alta médica, a menina ainda está no hospital já que o dinheiro disponibilizado pelo Ministério da Saúde na transferência dela para os Estados Unidos deve ser utilizado apenas na cirurgia, que ainda não tem previsão de ser realizada
“O governo fez o depósito na conta do hospital para que a quantia seja utilizada para o transplante. Com a alta do médico, ela deve ser levada para um apartamento com serviço de homecare que é prestado por uma empresa particular. A transferência é necessária para que ela corra menos riscos de infecções”, disse.
Ao G1, o Ministério da Saúde informou por telefone que Sofia ainda não deixou o hospital porque o médico responsável pelo tratamento dela, o especialista brasileiro Rodrigo Vianna, precisava ter enviado um orçamento sobre o tipo específico de homecare que a menina precisa, já que o quadro de saúde dela mudou devido a duas cirurgias que passou.
O órgão informou ainda que vai depositar o valor para custeio de 12 semanas de tratamento fora do hospital, o que totaliza um período de três meses. Considerando as regras bancárias para operações envolvendo câmbio, o Ministério da Saúde informou ao advogado Miguel Navarro que o pagamento deve ser efetivado até quinta-feira (28).
Na liminar expedida pelo desembargador Márcio Moraes, que autorizou a transferência de Sofia para o hospital norte-americano, o governo brasileiro seria responsável por arcar com todas as despesas. Porém, a licitação da empresa responsável pelo serviço de homecare não foi incluída na quantia disponibilizada.
Sofia está incluída na lista de transplante de órgãos nos Estados Unidos e aguarda na fila por um doador. A menina precisa do transplante de seis órgãos. Ela passou por duas cirurgias: uma para corrigir um sopro no coração e outra na uretra.
Mobilização nacional
O drama de Sofia começou assim que a família descobriu que a criança era portadora da Síndrome de Berdon. Para sobreviver, a menina precisa do transplante de seis órgãos (estômago, fígado, pâncreas, intestino delgado, intestino grosso e, provavelmente, um dos rins), que custa mais de R$ 2 milhões. Desde que nasceu ela já passou por três cirurgias, mas ainda necessita de atendimento especializado, que só é feito nos Estados Unidos.
Quando descobriu a doença, a família pediu ajuda financeira de todas as formas para conseguir uma viagem até os EUA. A campanha foi intitulada "Ajude a Sofia" e ganhou força nas redes sociais: quase 1,2 milhão pessoas já curtiram e compartilharam a página, inclusive celebridades.
Desde que nasceu, no hospital da Universidade de Campinas (Unicamp), no interior de São Paulo, Sofia só tinha saído para ser transferida para o Hospital Samaritano, em Sorocaba (SP), ou fazer os exames pedidos pela Justiça no Hospital das Clínicas de São Paulo (SP). O bebê nunca havia feito xixi ou cocô e só se alimentava por nutrição parenteral – quando uma solução manipulada pelo médico é aplicada diretamente na corrente sanguínea.
Após diversas questões judiciais, o desembargador do Tribunal Regional Federal (TRF) determinou a transferência da menina para o Hospital das Clínicas, em São Paulo, onde ela passaria por novos exames que confirmassem a síndrome de Berdon e a possibilidade de realizar o transplante no Brasil.
No entanto, a família recusou um novo procedimento cirúrgico e médicos especialistas também atestaram que a tecnologia nacional não era avançada o suficiente para realizar o transplante com sucesso. Dessa forma, a menina foi novamente encaminhada para o Hospital Samaritano, de onde saiu para ser levada aos Estados Unidos.
Na madrugada do dia 2 de julho finalmente Sofia, a mãe e uma equipe de profissionais do Ministério da Saúde embarcaram em um jatinho especial para os Estados Unidos. A partida de Sorocaba emocionou médicos e enfermeiros do hospital onde ela permaneceu internada e amigos da família. O pai de Sofia, Gilson Gonçalves da Silva, embarcou em um voo comercial.
A família aguarda a doação dos órgãos para o transplante, o que demora, em média, seis meses nos Estados Unidos. Depois da cirurgia, a criança permanecerá em tratamento por dois anos. De acordo com os médicos, a chance de êxito é de 85%. No começo, Sofia, pai e mãe estão hospedados na casa de um brasileiro que se ofereceu para ajudar. Ela também terá o acompanhamento de médicos e enfermeiros durante o dia e a noite.
O nome de registro de nascimento da criança é com "ph" (Sophia), mas, em virtude de a campanha de ajuda ter sido iniciada com "Sofia", a própria família adotou essa grafia para evitar problemas com as doações.
Fonte: G1
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